sábado, 19 de outubro de 2013

Capítulo 6: If You Can't Live Without Me, Why Aren't You Dead Yet?

Baby, I told myself that I'll be fine but it's a lie
I don't want to talk about it
Memories, oh they cut like knives
Deep inside I'm falling
Baby, catch me if you can
Mayday Parade - If You Can't Live Without Me, Why Aren't You Dead Yet?


Vi Coraline fitar as bebidas que estavam dispostas sobre a vasta bancada da cozinha, avançou para a mesma e as suas mãos alcançarem os copos de plástico vermelho, ainda dentro da embalagem de plástico.
- O que bebes? – Questionou, virando-se ligeiramente para me encarar, de copos vazios ainda nas mãos. Escolhi os ombros, sem saber o que lhe responder, sabendo que o meu conhecimento sobre misturas alcoólicas não era o meu forte.
- Qualquer coisa. – Sorri debilmente, e o sorriso nos seus lábios tornou-se mais evidente. Coraline pousou os copos no pouco espaço vazio que se encontrava no balcão e agarrou duas garrafas, que reconheci serem Eristoff Black e a outra sumo de limão, não muito longe das duas mãos. Despejou o conteúdo da primeira nos dois copos e de seguida adicionou o sumo de limão. Enquanto abanava os copos para misturar a solução que continham, virei-me e sentei-me numa das pretas cadeiras modernas. Coraline voltou a colocar mais um pouco de vodka preta em ambos copos e acrescentou algumas pedras de gelo, que se encontravam num balde à sua direita.
- Então, Summer… - Iniciou, virando-se de seguida para mim, esticando-me um dos copos – De onde és? – Encostou o seu corpo de novo contra a bancada da cozinha e bebericou da bebida que havia preparado. Imitei o seu gesto antes de lhe responder.
- Toronto. – Admiti, sentindo a fria bebida escorrer-me pela garganta, chegando ao meu estômago. Voltei a levar o copo aos lábios e desta vez saboreei o líquido escuro, notando que estava de facto agradável. No rosto de Coraline era patente um pequeno espanto, talvez por ser de um local tão longe e encontrar-me naquela festa, o que me fez querer dar-lhe uma breve explicação – Estou de férias em Londres e… - Senti-me desconfortável ao saber o que estava prestes a dizer, causando com que, distraidamente ingerisse um pouco mais da bebida preparada por Coraline – Conheci o Harry no outro dia, e ele acabou por me convidar. – Sorri falsamente, não querendo dar a entender que o desprezava. Coraline assentiu levemente e sorriu mais uma vez.
- Estás a gostar da festa? – Os seus olhos revestidos de um azul brilhante acompanhavam o seu sorriso. A sua pergunta levara de novo a minha mente até há alguns momentos atrás quando presenciara Harry espancar cruelmente o rapaz, do qual não sabia o nome. O pensamento fez com que o meu estômago se revirasse instantaneamente e o nó na minha garganta tornou-se cada vez mais difícil de engolir, transformando a tarefa de respirar cada vez mais complicada.
- Sim. – Menti, e os olhos de Coraline semicerram-se, lembrando-me que esta me havia encontrado sozinha num escritório – Bem, sinceramente acabei de chegar. – Tentei repor a mentira e elevei as sobrancelhas, de modo a dar ênfase à nova invenção.
- Posso perguntar-te uma coisa? – Fitei o seu rosto por momentos e assenti, encolhendo os ombros, esperando pela sua próxima pergunta, indagando o que pretendia saber – Eu só te vou perguntar isto porque conhecendo o Harry como conheço, bem… - Pausou, provavelmente pensando como continuar, e voltei a sentir um nó na garganta ao ouvir o nome de Harry ser pronunciado – É complicado imaginar como o conheceste. Como conheceste o Harry? – O seu tom demonstrava curiosidade e ao mesmo tempo espanto, talvez por não conseguir assimilar a ideia de alguém como eu ter conhecido Harry e ter confiado no mesmo para vir a uma festa, porém o que Coraline não sabia era que me encontrava ali por obrigação. Abri os olhos em choque, calculando que não era boa ideia dizer-lhe como tal havia acontecido.
Um estrondo percorreu a cozinha assim que a porta da mesma se abriu, permitindo que o som invadisse totalmente o espaço, ergui o meu olhar espantado apenas para ver Harry a entrar de rompante na divisão onde me encontrava com Coraline, que o examinava calmamente, de copo preso aos lábios. Um sorriso preguiçoso nasceu nos lábios de Harry assim que me avistou.
Inspirei fundo e prendi o ar nos pulmões por meros e escassos segundos, tentando dominar o pânico que se apoderava rapidamente do meu corpo. Sentia-me impossível enquanto a minha cabeça andava à roda, talvez por ver Harry encaminhar-se para junto da minha frágil figura. A inquietude era evidente, embora tentasse não a demonstrar, a minha perna não parava de abanar incessantemente, contrariando a minha vontade de permanecer imóvel. Harry olhou de esguelha para mim, sabia que estava ansiosa, e possivelmente sabia que estava a pensar. Olhei para ele, repugnância clara através dos meus olhos verdes. Este apenas me encarou com uma linha comprimida nos lábios, sabia ao certo o que se estava a passar. Estava a dar comigo em doida saber que me havia metido num poço sem fundo. Agarrei-me à cadeira com a mão livre que me restava, enquanto na outra empunhava o copo ainda meio cheio, segurando-me, como se por qualquer motivo, a qualquer momento, o meu corpo se deixasse cair ali.
- Finalmente encontrei-te. – A sua voz soou mais doce aos meus ouvidos do que devia, lentamente deixei que os meus olhos pousassem no seu rosto, os seus olhos verdes a contrastarem com o gorro verde-seco que tapava a maioria dos seus caracóis castanhos e havia de novo um sorriso quase perfeito no seu rosto, ponderei como seria possível alguém ter um sorriso destes e ser o total oposto do que demonstrava exteriormente.
Deixei que o meu olhar caísse sobre o chão, como se de repente, os All Star incrivelmente brancos de Harry tivessem algum interesse que transpunha qualquer outro acontecimento. Engoli em seco, sabendo que talvez a minha melhor hipótese tivesse sido fugir dele enquanto tivera tempo. Sabia que por mais que corresse neste momento, mais tarde ou mais cedo, Harry acabaria por me apanhar. Soltei um leve suspiro de derrota.
A forte mão de Harry agarrou o meu pulso suavemente, tal como havia feito mais cedo, levando a que levantasse instintivamente o meu rosto para encarar onde me agarrava. Puxou o meu corpo delicadamente, incitando para que me levantasse. Perguntei-me se o tempo estaria de facto a decorrer tão lentamente como no meu cérebro, mas sabia que não era verdade e que desde que Harry entrara na cozinha haviam passados apenas meros instantes. Fiz o que me havia instigado a fazer e levantei o meu corpo, mantendo-me de pé, junto ao seu corpo mais alto que o meu. Não havia como fugir de Harry e embora o acontecimento no piso superior fosse mais vivo do que desejava, sabia que era melhor não o contrariar.
Os meus olhos flutuaram até onde Coraline se encontrava, estupefacção perceptível no seu semblante. Premi os lábios numa linha fina e revirei os olhos, sentindo o braço de Harry sobre os meus ombros.
- Vamos dançar. – Os seus lábios tocaram levemente a minha orelha, enquanto a sua voz rouca causava arrepios em todo o meu corpo. Senti a sua respiração acariciar a sensível pele do meu pescoço e de novo todo o meu corpo estremeceu. O seu braço começou por nos arrastar em direcção à porta da cozinha e debati-me sobre o mesmo, enquanto um riso abafado pungiu através dos rosados lábios de Harry. A mão em volta do meu copo tornou-se mais firme e soube que se não contivesse a fúria que emanava no meu corpo, o copo romper-se-ia na mesma, levando a que o seu conteúdo se espalhasse.
- Adeus Coraline, gostei de te conhecer. – Sorri amavelmente e esta retribuiu, acenando levemente com a sua mão livre.
- Vemo-nos por aí. – Soltou um leve riso – Espero que te divirtas. – Voltei a lançar-lhe um leve sorriso antes de me ver obrigada a engrenar de novo no meio dos corpos suados e em êxtase, sobre o forte aperto sobre o meu ombro, levou a que o fitasse de olhos semicerrados e notei o seu sorriso arrogante.
Os indivíduos ocupantes, do que me pareceu ser uma pista de dança improvisada, abriam caminho à medida que Harry passava, como se este fosse algum tipo de rei. Por momentos agradeci que o fizessem, sentindo que o meu corpo estava demasiado quente. Levei o copo aos lábios e engoli uma larga golada, esperando que o gelo ainda dentro do copo e a bebida fria tornassem o calor mais suportável. Senti a vasta quantidade de álcool ingerida de uma só vez queimar a minha garganta e culpabilizei-me por tal.
Aproximamo-nos de um pequeno grupo mais ao fundo, de bebidas empunhadas nas mãos e a maioria deles de cigarros entre os lábios. Do grupo reconheci apenas Zayn, Lana, Chelsea e Alana. Junto destes encontravam-se ainda mais três rapazes e uma rapariga.
- Summer. – A mão de Alana alcançou a minha que puxou, livrando-me do braço de Harry, espantado por esta saber o meu nome. Olhei confusa para Alana e esta exibiu um sorriso caloroso, continuando a puxar-me em direcção à rapariga de cabelos castanhos-escuros, lisos e compridos cobertos por um chapéu preto da marca Obey, e olhos igualmente escuros, embora divertidos. Esta possuía um estilo mais casual que as restantes, uma larga t-shirt preta da banda Rolling Stones, umas justas calças pretas e apenas uns ténis pretos e brancos da marca Vans, o que me fez lembrar do meu próprio estilo. – Foi pela Abby que te confundi mais cedo. – Apontou para a rapariga que agora sorria na minha direcção e um leve tom rosado apareceu nas bochechas de Alana e ri-me ligeiramente.
- A sério, não fez mal nenhum. – Confessei mais uma vez alegremente e Alana sorriu. Sentia o meu corpo mais leve e a minha mente mais descansada, o que me fez olhar o copo, praticamente vazio que transportava na mão. Franzi o cenho ao verificar o mesmo, talvez fosse melhor preparar outra dose igual, talvez conseguisse fazer com que a noite se desenvolvesse mais rapidamente.
- Abby está é… - Alana começou por me apresentar, uma vez mais naquela noite. Perguntava-me desde quando é que numa noite conhecia tantas pessoas, desde quando é que tinham começado a ter interesse na minha figura.
- A minha namorada, Summer. – Harry cortou as palavras de Alana antes desta terminar o que havia começado. O seu braço rodeava a minha cintura e o seu corpo estava encostado às minhas costas. Os meus olhos abriram-se em espanto, o meu coração soltou alguns batimentos e a minha respiração tornara-se mais pesada. As minhas mãos, cerradas, começavam agora a suar, demonstrando o quão desconfortável a situação era. Os sorrisos eram patentes nos rostos dos restantes, mostrando que a única atónita com a situação era eu mesma. Engoli em seco quando a mão de Harry puxou o meu corpo para mais junto do seu. As minhas costas ficaram pressionadas contra o seu peito.
- Prazer. – Abby entendeu o seu rosto, onde atabalhoada e desajeitadamente depositei dois beijos, um em cada uma das suas suaves bochechas. Ainda abismada com a barbaridade que Harry havia proferido, mais uma vez senti a mão de Alana segurar a minha, e implorei para que me afastasse mais uma vez de Harry, tal não aconteceu. As suas mãos viajaram até às minhas ancas, seguindo atrás de mim a cada passo que dava.
- Summer, este é o Niall, o meu namorado. – Alana deu um leve beijo nos lábios do rapaz loiro e de olhos revestidos por um azul intenso. O seu aspecto não se destacava dos outros, t-shirt branca, com um casaco cinzento por cima da mesma, jeans de ganga azul ligeiramente justos e ténis brancos da marca Supra, o seu ar era descontraído, uma mão colocada no bolso das calças enquanto a outra segurava o seu copo vermelho. O seu sorriso mostrou o aparelho disposto nos seus dentes, embora estes já estivessem perfeitamente alinhados. Sorri de volta e Alana voltou a puxar-me. Senti Harry andar de novo atrás de mim e a vontade a afastá-lo cresceu inevitavelmente.
- Este é o Liam. – Liam, olhou para mim envergando um sorriso largo, ao ponto dos seus olhos castanhos fecharem ligeiramente, o seu cabelo condizia com os mesmos. Deslizou a mão dos jeans de um tom cinza e colocou o braço sobre os ombros de Chelsea, que o olhou enternecida colocando a sua mão sobre a camisola azul escura que Liam trajava. Assimilei os seus actos e rapidamente soube que eram um casal.
- E este é o Ethan, o meu irmão. – Tal como Alana este tinha cabelos loiros e olhos azuis que denotei serem parecidos aos da sua irmã. A sua t-shirt com a imagem de uma floresta puxou toda a minha atenção quando me apercebi que tinha uma igual, da loja Saint Kidd. Sorri ao aperceber-me de tal facto. Alana despenteou levemente os cabelos do irmão e de seguida depositou um leve beijo sobre o seu rosto. Ethan revirou os olhos, embora sorrindo e imitando a posição de Niall, com a mão nas suas calças escuras, levou o copo que segurava com a outra aos lábios e sorveu do seu conteúdo.
- Pára quieta, Alana. – Defendeu-se Ethan quando mais uma vez a mão da sua irmã percorria os seus cabelos. Por momentos lembrei-me de Luke e Jai, que me esperavam em Toronto e sentia falta das suas presenças, dos bons momentos que me proporcionavam, um ligeiro aperto no meu peito fez com que suspirasse levemente, esperando voltar para casa o mais rápido possível.
As mãos de Harry tornaram-se conscientes sobre a pele exposta das minhas ancas, levando consigo todos os pensamentos sobre Luke e Jai. Os seus lábios encostados aos meus cabelos e a sua respiração quente contra o topo da minha cabeça provocaram leves arrepios em todo o meu corpo. Firmemente rodou as minhas ancas, encaminhando-nos de volta para o centro da sala. Senti os meus pés desajeitados, e deixei que Harry guiasse o meu corpo por entre a multidão.
O meu estado espírito começava a mudar-se lentamente, sorrateiramente. E ninguém reparara nisso. O meu coração estava adormecido, a minha mente desligada e sobrava apenas eu, delirante, e pouco sóbria dos meus movimentos e olhares. Pouco consciencializada do meu estado de espírito pouco puro, e nada subtil.
- Harry… - Chamei levemente pelo seu nome, virando o meu corpo de frente para o seu, os seus lábios puxados num sorriso enquanto as minhas mãos assentavam na sua t-shirt cinzenta, com um pequeno coração onde consegui ler: Lover. Um sorriso abafado de ironia escapou pelos meus lábios e afaguei com leves palmadinhas o peito musculado de Harry, que perscrutava atenciosamente cada um dos meus movimentos – Vais devolver-me a máquina? – A preocupação era evidente através do meu olhar. O sorriso de Harry permanecia no seu rosto tornando visíveis as pequenas covas nas suas bochechas, enquanto as suas mãos pressionavam o fundo das minhas costas contra si. Embora a vontade de o empurrar estivesse presente, sentia que de alguma forma o meu corpo não obedecia aos meus pensamentos, cada vez mais lentos. Inquiria sobre o que se passava comigo, todo o meu corpo parecia ceder e na minha mente os pensamentos eram confusos, todos agregados não me permitindo tirar uma conclusão coerente.
- Vamos ver. – Mordeu o lábio inferior entre os dentes perfeitos e o assombro tomou conta do meu corpo. Tentei afastar-me de Harry, mas a minha tentativa não passou de um fracasso. As suas mãos encontravam-se de novo sobre as minhas ancas, incentivando para me mover ao som da música penetrante que ecoava através das várias colunas na sala. Quanto mais lutava para me ver livre de si, mais as suas mãos aprisionavam o meu corpo contra o seu.
O meu corpo encontrava-se fora de controlo, e eu não sabia se havia de me sentir mais assustada por tal ou se por ter a completa noção do mesmo. Os meus braços elevaram-se até ao pescoço de Harry, numa tentativa desesperada de me manter em pé, sentindo que as minhas pernas iriam ceder a qualquer momento. Equivocamente encorajando Harry a levar os seus lábios macios ao meu pescoço. Tentei formar as palavras na minha garganta, sentindo que estas se enrolavam cada vez que as tentava pronunciar. Senti o meu coração acelerado e a minha respiração ofegante quando senti a sua respiração na minha pele. Os lábios perfeitos de Harry encostados ao sensível local situado abaixo da minha orelha, sugando a pele, enquanto mordia rudemente o local. Deixei que um pequeno gemido de dor se libertasse de minha garganta e senti os lábios de Harry formaram um sorriso contra a minha pele.
- Harry pára. – Pedi sem forças, num ligeiro sussurro. Sabia o que ele estava a fazer e retirei apressadamente os meus braços de volta para junto do meu corpo, empurrando de seguida o seu para longe, de novo inutilmente. Os seus lábios continuavam presos ao meu pescoço, causando-me arrepios, a dor estava amortecida, provavelmente devido ao álcool que havia ingerido. Assim que terminou o pretendia, beijou suavemente a região agora vermelha e ligeiramente inchada. Ainda de movimentos entorpecidos deslizei os dedos até ao local, chocada, assim que a ponta dos meus dedos tocou o local em causa, amaldiçoei-me por tê-lo feito e o meu corpo retraiu-se com a dor, agora bastante evidente. Abri a boca perplexa com o que não fora capaz de prevenir.
- Agora és minha. – Harry deixou que a sua voz me invadisse, e não evitou que um sorriso de vitória se formasse nos seus lábios, instantaneamente mais rosados e inchados após o sucedido. Cambaleei afastando-me de si. Sabia que era o momento de fugir, de me esconder. Enveredei por entre a multidão o mais rápido que me era possível, as minhas pernas bambas e o meu coração acelerado tornavam a tarefa mais complicada. Apressadamente abri caminho, olhando por cima do ombro verificando se Harry me perseguia. Um alívio percorreu o meu corpo quando me apercebi que o havia perdido de vista. Continuei o meu caminho, sabendo que precisava de parar, pensar. Todo o meu corpo tremia e a minha testa encontrava-se ligeiramente suada, os meus olhos pediam para que os fechasse e a minha garganta encontrava-se demasiado seca.
A lembrança do que se havia passado mais cedo aterrorizou de novo a minha mente, porém relembrando que poderia procurar um local no piso de cima onde pudesse descansar o meu corpo e a minha mente. Esquadrinhei a sala, procurando pelas escadas que sabia existirem, assim que as avistei, avancei em direcção às mesmas, pedindo aos meus pés que tropegamente chegassem ao seu topo. Sorri debilmente assim que cheguei ao piso pretendido, satisfeita com o esforço que havia feito para subir as escadas. Lentamente, embora o mais rápido que conseguia, abri as portas mais próximas, falhando as primeiras três tentativas.
Para meu alívio, a quarta opção era um quarto e encontrava-se disponível. Entrei na divisão e fechei a porta atrás de mim. O meu corpo começava a ceder e a minha cabeça a latejar. Alcancei a cama e permiti que o meu corpo embatesse contra a colcha da mesma, deixando que esta se afundasse com o meu peso. Levei as mãos até às têmporas e massajei-as suavemente, pensando que talvez a dor que começava a assolar a minha cabeça desaparecesse. Fechei os olhos e tapei os mesmos com o meu braço. Não percebia o que se estava a passar e dentro da minha cabeça tudo não passava de uma mancha confusa de lembranças.
Suspirei abruptamente, controlando a vontade de gritar que surgia no meu peito, após recordar os lábios de Harry contra a minha pele. Começava a ponderar se havia traído Jay, se é que havia de alguma forma traição, afinal de contas não tínhamos uma relação assumida. Não que eu soubesse. “Agora és minha.” As palavras de Harry flutuaram através da minha mente confusa e soltei um grito frustrado. Eu não era de ninguém, e muito menos de Harry. Se havia algo sobre o qual tinha a certeza era isto; A minha liberdade.
O meu telemóvel vibrou dentro da pequena mala que trazia a tiracolo, mas sabia que estava demasiado cansada para conseguir abrir a mala. Ainda deitada sobre a colcha da confortável cama, ouvi a porta a abrir lentamente, e senti a luz proveniente do exterior a invadir a escuridão da divisão. Reuni todas as forças que me restavam, erguendo o corpo, procurando saber quem incomodava o meu sossego. Estiquei o braço, pretendendo acender a pequena luz que sabia encontrar-se na mesa-de-cabeceira ao lado da cama, desejando que desta forma me fosse possível reconhecer a pessoa em questão.
A intensidade, ainda que fraca, da pequena luz causou com que semicerrasse os olhos, ajustando-os lentamente à nova claridade do quarto. Assim que a luz penetrou as minhas íris, senti que o latejar da minha cabeça se tornava mais forte, em reprovação ao mesmo fiz um ligeiro esgar e desejei ter permanecido no escuro. Um rapaz de tez morena, cabelos escuros perfeitamente moldados com gel, entrou no quarto fechando a porta atrás de si, os seus olhos igualmente escuros pousaram sobre o meu corpo e um sorriso nasceu nos seus lábios. Encostou-se à porta, e depois de cofiar o seu queixo por meros segundos, deslizou as mãos até aos jeans pretos que envergava, combinados com uma t-shirt branca e um cardigan cinza por cima da mesma. Elevou a perna e encostou o seu pé, revestido por um ténis igualmente branco, à parede. Após algum esforço interior levantei o meu corpo, colocando os pés no chão e encarei a figura sorridente encostada à porta.
- És a Summer, certo? – Perguntou-me e assenti, curiosidade patente nos meus olhos – Eu sou o Mathew. – Desencostou-se lentamente e caminhou em direcção à cama. Sorri, embora interiormente me perguntasse como sabia quem eu era. As energias remanescentes no meu corpo eram escassas, tornando a tarefa de me colocar de pé complicada.
- Prazer, Mathew. – Estiquei debilmente a mão e este apertou-a calmamente, deixando que o seu toque quente acariciasse a minha fria mão, fazendo-me perceber que apesar de a minha cabeça me dizer que todo o meu corpo estava em erupção na realidade não passada de uma ilusão, provavelmente criada pelo álcool que fluía através das minhas veias.
- Então, és tu a nova namorada do Harry? – Questionou, sem deixar que o sorriso abandonasse o seu rosto. Revirei os olhos e deixei que um grunhido de irritação se soltasse da minha garganta, levando a que Mathew se ri-se ligeiramente. Ele sabia que não era verdade, estava a penas a provocar-me.
- Eu não sou do Harry. Não sou de ninguém, por amor de Deus! – Exclamei visivelmente aborrecida. Fechei por momentos os olhos e suspirei indignada. Onde quereria ele chegar? A minha cabeça pesava mais do que na realidade e encontrava-me num estado onde o raciocínio não fazia parte. O sorriso já existente nos lábios de Mathew tornou-se cada vez maior e o brilho dos seus olhos queimava sobre a minha pele, fazendo-me desejar que este não estivesse ali.
- És mais bonita do que estava à espera. – Os seus olhos escuros fitaram todo o meu corpo, e este prendeu o lábio inferior entre os dentes, mordendo-o levemente. O que quereria ele dizer com tal coisa? – E isso agrada-me. – Colocou o meu cabelo para trás do meu ombro e acariciou-o, o meu corpo estremeceu com o seu toque, sentindo-me intimidada e acima de tudo apavorada. Tentei dar um passo para trás, esquecendo que por detrás do meu corpo se encontrava a cama onde mais cedo tinha estado deitada. Assim que as traseiras das minhas pernas embateram sobre a borda da cama, o meu corpo caiu sobre a mesma, mais uma vez. As suas pernas alcançaram ambos os lados das minhas e o seu corpo permaneceu sobre o meu. A minha respiração ofegante e o meu ritmo cardíaco descompassado eram perceptíveis no meu peito, que subia e descia apressadamente.
- O que é que estás a fazer? – Indaguei nervosa, tentando empurra-lo para o chão, mas em vão, o seu corpo era mais pesado e forte, e o estado em que me encontrava não permitia que alguma das minhas acções se concretizasse de forma eficaz.
- O que o Harry não fez. – Agarrou nos meus pulsos e prendeu-os fortemente acima da minha cabeça, não permitindo que o voltasse a empurrar. Tentei espernear mas o seu peso sobre o meu corpo impediam-me quase por completo.
- Sai de cima de mim! – Vociferei altivamente, porém Mathew apenas soltou um riso sarcástico, ignorando o que lhe havia ordenado. Puxei os braços, mas não havia maneira deste me soltar, era forte de mais. O pânico no meu peito era aterrador e sentia-me cada vez mais indefesa, sabendo que a cada momento que passada as minhas forças se desvaneciam. Mathew pressionou os dedos da sua mão livre sobre a marca deixada por Harry no meu pescoço, e soltei um guincho de dor, enquanto o meu corpo se retraía perante tal acto.
- Querida, só nos vamos divertir. – O seu tom era perverso e sabia que não tinha como fugir desta situação. Desejei que alguém entrasse no quarto, mas tal parecia não acontecer. Quanto mais lutava para me ver livre de Mathew, mais o seu corpo se apoderava do meu. Senti a repugnância do seu toque e tive vontade de o socar, se tal fosse possível.
Os seus lábios aterraram sobre os meus inesperadamente, e os meus olhos abriram-se em estupefacção. Prendi a respiração momentaneamente e contorci o meu corpo pela milésima vez, tentando virar a cara, que a sua mão agarrou grosseiramente.
- HARRY! – Gritei em desespero, os seus olhos semicerram-se e colocou rapidamente a sua mão sobre a minha boca. Sentia o meu corpo tremer e pensei por momentos que haviam lágrimas nos meus olhos.
- Cala-te, se não queres arranjar problemas. – Pronunciou altivo e a sua voz ecoou na minha cabeça. Pensei se fosse possível alguém ter-me ouvido, e desejei fervorosamente ter permanecido com Harry no piso de baixo, provavelmente nada disto aconteceria. Imagens do que poderia acontecer espalharam-se na minha mente, tornando a situação mais dolorosa e desesperada.
Ainda com as suas mãos a segurarem as minhas e a calarem as minhas tentativas falhadas de clamar por alguém que me acudisse, desceu os seus lábios até ao meu pescoço, beijando-o. O enjoo de tal acto percorreu todo o meu corpo, e o meu estômago contorceu-se violentamente. Ouvi um grunhido de satisfação por parte de Mathew e fechei os olhos, esperando pelo melhor ou que tudo passasse mais rápido. Os seus dentes viajaram até à pele descoberta do meu peito, mordendo asperamente a minha clavícula. O silvo de sofrimento teria sido ouvido se a sua mão não o impedisse. Lentamente desceu, e senti de novo os seus lábios a abrirem lentamente o fecho que se encontrava na frente do meu bustier. Quis crucificar-me por estar a usar tal peça de roupa e tentei que o seu corpo deixasse o meu, remexendo-me freneticamente.
- Sai de cima dela já! – A voz de Harry ecoou pelo quarto e numa questão de escassos segundos o peso de Mathew já não se encontrava em cima do meu corpo, que tremia violentamente. Enfraquecida, levantei custosamente o meu corpo dormente. A minha cabeça teimava em andar à roda e a minha visão encontrava-se turva – Sai daqui, Kay. – Os olhos verdes enraivecidos de Harry fitaram-me duramente, mostrando o quão consumido pelo ódio se encontrava. O seu maxilar contraiu-se fortemente enquanto as suas mãos agarravam o colarinho da t-shirt de Mathew, que exibia um sorriso de escárnio, provocando que o nó na minha garganta se voltasse a formar.
Sabia que se deixasse o quarto que Harry acabaria com ele naquele preciso momento. Por muito que desprezasse Harry não queria ter que assistir repetidamente à cena do início da noite, mas por outro lado não queria que Harry se envolvesse noutra confusão, sabia que havia mais de mil e um problemas com os quais ele devia preocupar-se. Os olhos intensos de Harry continuavam presos nos meus e apesar do grande tráfico de pensamentos que congestionavam o meu cérebro, abanei a cabeça negativamente, para seu desagrado e este premiu os lábios num trejeito, descontente com a minha teimosia.
- Sai agora! – A sua voz era soberba, o seu tom imperativo e engoli em seco perante o sobressalto que percorreu o meu corpo, causado pelo som da sua voz. Mordi o lábio, pensando em resistir mais uma vez ao seu pedido. Os seus dedos agarraram firmemente Mathew e soube que Harry estava a perder a paciência e que acabaria por esmurrá-lo ali mesmo. Levantei o meu corpo e caminhei em direcção à porta, sabia que no exacto momento em que o meu corpo se havia erguido da confortável superfície, que os olhos de Harry se encontravam em Mathew.
Olhei por cima do ombro, apanhando o exacto momento em que o punho que Harry acertava no maxilar de Mathew, vezes seguidas. Imagens recentes percorreram a minha mente, revelando as semelhanças entre os dois episódios. Uivos de dor eram perceptíveis, mas sabia que por mais que achasse que Mathew merecia, não podia deixar que Harry o agredisse. O corpo de Harry encontrava-se sobre o de Mathew, o seu punho elevando-se e colidindo com o rosto, ensanguentado da figura debaixo do seu corpo. Senti uma ténue adrenalina percorrer todos os meus músculos, tinha que fazer algo, tinha que parar Harry, caso contrário Mathew sairia ainda mais gravemente ferido do que já se encontrava. Como se alguma força divina ajudasse o meu corpo exausto, corri em direcção a Harry, as suas mãos fechadas sem nunca cessarem os movimentos.
- Harry! – Gritei, puxando o seu braço, que escapou entre as minhas mãos assim que chocou de novo contra Mathew – Harry! Por favor! – Solucei, sentindo a impotência acumular-se dentro de mim – Vais matá-lo! – Agarrei o seu braço com toda a força que conseguia empregar e os seus olhos fitaram os meus, e este cessou os movimentos, os seus punhos novamente cobertos pelo líquido de cor escarlate. A minha respiração ofegante tornara-se audível, sobrepondo-se aos pequenos gemidos de Mathew, sentia que as minhas pernas bambas iriam ceder a qualquer momento. Delicadamente ergui o braço de Harry, esperando que este saísse de cima do corpo de Mathew.

- Se voltas a tocar nela, mato-te. – Harry encarou rigidamente o rosto ensanguentado, raiva patente no seu olhar. Endireitou o seu corpo, permanecendo à minha frente, os seus dedos longos e vermelhos, deslizaram o fecho que Mathew tinha aberto mais cedo até cima, causando a que a minha pele ficasse arrepiada – Eu disse-te para ires embora. – A sua voz era fria, e denotei que na mesma havia rancor e mágoa, talvez por eu ter assistido de novo ao seu estado de fúria. Sorri debilmente, embora não houvesse motivos para tal, sentindo o meu corpo desfalecer e a minha cabeça andar à roda. Deixei as minhas pernas desmoronarem, sentindo os braços de Harry rodearem o meu corpo instantes depois – Summer? – A sua voz, pronunciando o meu nome, foi tudo o que ouvi antes dos meus sentidos adormecerem. 

Personagens:

Abby Stanford.

Niall Horan.


Liam Payne.

Ethan Tanner.

Luke Brooks.


Jai Brooks.

Mathew Chadwick.


Hello lovers. 
Primeiro que tudo peço imensa desculpa pela demora, está complicado, 
visto que agora sou uma pessoa decente e até tenho trabalho... 
E tempo para andar a postar e a rever e tudo mais, não dá. 
Simplesmente o tempo é escasso e não dá para tudo.
Contudo espero que estejam a gostar e que, claro, tenham gostado deste capitulo, 
peço desculpa pelos erros ortográficos se tiver algum também.
Espero que esteja tudo bem com vocês e para ser sincera não sei quando volto a postar, 
pelos motivos que já disse. De qualquer das maneiras espero que continuem 
a acompanhar e que gostem do que escrevo. 
Se tiverem alguma sugestão que achem que devem expor, é só isso mesmo expor! 
Eu estou aberta a novas ideias, elas são seeeempre bem vindas.
Já sei que digo isto sempre, mas juro que gostava de saber as vossas opiniões 
sobre a fic e o que acham e o que pensam que vai acontecer, é bom para mim saber isso. 
E diga-se de passagem que fico sempre curiosa para saber o que vocês acham. 

With love, J. xx