Baby, I told myself that I'll be fine
but it's a lie
I don't want to talk about it
Memories, oh they cut like knives
Deep inside I'm falling
Baby, catch me if you can
Mayday Parade - If You Can't Live Without Me, Why Aren't You Dead Yet?
I don't want to talk about it
Memories, oh they cut like knives
Deep inside I'm falling
Baby, catch me if you can
Mayday Parade - If You Can't Live Without Me, Why Aren't You Dead Yet?
Vi
Coraline fitar as bebidas que estavam dispostas sobre a vasta bancada da
cozinha, avançou para a mesma e as suas mãos alcançarem os copos de plástico
vermelho, ainda dentro da embalagem de plástico.
- O que
bebes? – Questionou, virando-se ligeiramente para me encarar, de copos vazios
ainda nas mãos. Escolhi os ombros, sem saber o que lhe responder, sabendo que o
meu conhecimento sobre misturas alcoólicas não era o meu forte.
- Qualquer
coisa. – Sorri debilmente, e o sorriso nos seus lábios tornou-se mais evidente.
Coraline pousou os copos no pouco espaço vazio que se encontrava no balcão e
agarrou duas garrafas, que reconheci serem Eristoff Black e a outra sumo de
limão, não muito longe das duas mãos. Despejou o conteúdo da primeira nos dois
copos e de seguida adicionou o sumo de limão. Enquanto abanava os copos para
misturar a solução que continham, virei-me e sentei-me numa das pretas cadeiras
modernas. Coraline voltou a colocar mais um pouco de vodka preta em ambos copos
e acrescentou algumas pedras de gelo, que se encontravam num balde à sua
direita.
- Então,
Summer… - Iniciou, virando-se de seguida para mim, esticando-me um dos copos –
De onde és? – Encostou o seu corpo de novo contra a bancada da cozinha e
bebericou da bebida que havia preparado. Imitei o seu gesto antes de lhe
responder.
- Toronto.
– Admiti, sentindo a fria bebida escorrer-me pela garganta, chegando ao meu
estômago. Voltei a levar o copo aos lábios e desta vez saboreei o líquido
escuro, notando que estava de facto agradável. No rosto de Coraline era patente
um pequeno espanto, talvez por ser de um local tão longe e encontrar-me naquela
festa, o que me fez querer dar-lhe uma breve explicação – Estou de férias em
Londres e… - Senti-me desconfortável ao saber o que estava prestes a dizer,
causando com que, distraidamente ingerisse um pouco mais da bebida preparada
por Coraline – Conheci o Harry no outro dia, e ele acabou por me convidar. –
Sorri falsamente, não querendo dar a entender que o desprezava. Coraline
assentiu levemente e sorriu mais uma vez.
- Estás a
gostar da festa? – Os seus olhos revestidos de um azul brilhante acompanhavam o
seu sorriso. A sua pergunta levara de novo a minha mente até há alguns momentos
atrás quando presenciara Harry espancar cruelmente o rapaz, do qual não sabia o
nome. O pensamento fez com que o meu estômago se revirasse instantaneamente e o
nó na minha garganta tornou-se cada vez mais difícil de engolir, transformando
a tarefa de respirar cada vez mais complicada.
- Sim. –
Menti, e os olhos de Coraline semicerram-se, lembrando-me que esta me havia
encontrado sozinha num escritório – Bem, sinceramente acabei de chegar. –
Tentei repor a mentira e elevei as sobrancelhas, de modo a dar ênfase à nova
invenção.
- Posso
perguntar-te uma coisa? – Fitei o seu rosto por momentos e assenti, encolhendo
os ombros, esperando pela sua próxima pergunta, indagando o que pretendia saber
– Eu só te vou perguntar isto porque conhecendo o Harry como conheço, bem… -
Pausou, provavelmente pensando como continuar, e voltei a sentir um nó na
garganta ao ouvir o nome de Harry ser pronunciado – É complicado imaginar como
o conheceste. Como conheceste o Harry? – O seu tom demonstrava curiosidade e ao
mesmo tempo espanto, talvez por não conseguir assimilar a ideia de alguém como
eu ter conhecido Harry e ter confiado no mesmo para vir a uma festa, porém o
que Coraline não sabia era que me encontrava ali por obrigação. Abri os olhos
em choque, calculando que não era boa ideia dizer-lhe como tal havia
acontecido.
Um
estrondo percorreu a cozinha assim que a porta da mesma se abriu, permitindo
que o som invadisse totalmente o espaço, ergui o meu olhar espantado apenas
para ver Harry a entrar de rompante na divisão onde me encontrava com Coraline,
que o examinava calmamente, de copo preso aos lábios. Um sorriso preguiçoso
nasceu nos lábios de Harry assim que me avistou.
Inspirei
fundo e prendi o ar nos pulmões por meros e escassos segundos, tentando dominar
o pânico que se apoderava rapidamente do meu corpo. Sentia-me impossível
enquanto a minha cabeça andava à roda, talvez por ver Harry encaminhar-se para
junto da minha frágil figura. A inquietude era evidente, embora tentasse não a
demonstrar, a minha perna não parava de abanar incessantemente, contrariando a
minha vontade de permanecer imóvel. Harry olhou de esguelha para mim, sabia que
estava ansiosa, e possivelmente sabia que estava a pensar. Olhei para ele,
repugnância clara através dos meus olhos verdes. Este apenas me encarou com uma
linha comprimida nos lábios, sabia ao certo o que se estava a passar. Estava a
dar comigo em doida saber que me havia metido num poço sem fundo. Agarrei-me à
cadeira com a mão livre que me restava, enquanto na outra empunhava o copo
ainda meio cheio, segurando-me, como se por qualquer motivo, a qualquer
momento, o meu corpo se deixasse cair ali.
-
Finalmente encontrei-te. – A sua voz soou mais doce aos meus ouvidos do que
devia, lentamente deixei que os meus olhos pousassem no seu rosto, os seus
olhos verdes a contrastarem com o gorro verde-seco que tapava a maioria dos
seus caracóis castanhos e havia de novo um sorriso quase perfeito no seu rosto,
ponderei como seria possível alguém ter um sorriso destes e ser o total oposto
do que demonstrava exteriormente.
Deixei que
o meu olhar caísse sobre o chão, como se de repente, os All Star incrivelmente
brancos de Harry tivessem algum interesse que transpunha qualquer outro
acontecimento. Engoli em seco, sabendo que talvez a minha melhor hipótese
tivesse sido fugir dele enquanto tivera tempo. Sabia que por mais que corresse neste
momento, mais tarde ou mais cedo, Harry acabaria por me apanhar. Soltei um leve
suspiro de derrota.
A forte
mão de Harry agarrou o meu pulso suavemente, tal como havia feito mais cedo,
levando a que levantasse instintivamente o meu rosto para encarar onde me
agarrava. Puxou o meu corpo delicadamente, incitando para que me levantasse.
Perguntei-me se o tempo estaria de facto a decorrer tão lentamente como no meu
cérebro, mas sabia que não era verdade e que desde que Harry entrara na cozinha
haviam passados apenas meros instantes. Fiz o que me havia instigado a fazer e
levantei o meu corpo, mantendo-me de pé, junto ao seu corpo mais alto que o
meu. Não havia como fugir de Harry e embora o acontecimento no piso superior
fosse mais vivo do que desejava, sabia que era melhor não o contrariar.
Os meus
olhos flutuaram até onde Coraline se encontrava, estupefacção perceptível no
seu semblante. Premi os lábios numa linha fina e revirei os olhos, sentindo o
braço de Harry sobre os meus ombros.
- Vamos
dançar. – Os seus lábios tocaram levemente a minha orelha, enquanto a sua voz
rouca causava arrepios em todo o meu corpo. Senti a sua respiração acariciar a
sensível pele do meu pescoço e de novo todo o meu corpo estremeceu. O seu braço
começou por nos arrastar em direcção à porta da cozinha e debati-me sobre o
mesmo, enquanto um riso abafado pungiu através dos rosados lábios de Harry. A
mão em volta do meu copo tornou-se mais firme e soube que se não contivesse a
fúria que emanava no meu corpo, o copo romper-se-ia na mesma, levando a que o
seu conteúdo se espalhasse.
- Adeus
Coraline, gostei de te conhecer. – Sorri amavelmente e esta retribuiu, acenando
levemente com a sua mão livre.
- Vemo-nos
por aí. – Soltou um leve riso – Espero que te divirtas. – Voltei a lançar-lhe
um leve sorriso antes de me ver obrigada a engrenar de novo no meio dos corpos
suados e em êxtase, sobre o forte aperto sobre o meu ombro, levou a que o
fitasse de olhos semicerrados e notei o seu sorriso arrogante.
Os
indivíduos ocupantes, do que me pareceu ser uma pista de dança improvisada,
abriam caminho à medida que Harry passava, como se este fosse algum tipo de
rei. Por momentos agradeci que o fizessem, sentindo que o meu corpo estava
demasiado quente. Levei o copo aos lábios e engoli uma larga golada, esperando
que o gelo ainda dentro do copo e a bebida fria tornassem o calor mais
suportável. Senti a vasta quantidade de álcool ingerida de uma só vez queimar a
minha garganta e culpabilizei-me por tal.
Aproximamo-nos
de um pequeno grupo mais ao fundo, de bebidas empunhadas nas mãos e a maioria
deles de cigarros entre os lábios. Do grupo reconheci apenas Zayn, Lana,
Chelsea e Alana. Junto destes encontravam-se ainda mais três rapazes e uma
rapariga.
- Summer.
– A mão de Alana alcançou a minha que puxou, livrando-me do braço de Harry,
espantado por esta saber o meu nome. Olhei confusa para Alana e esta exibiu um
sorriso caloroso, continuando a puxar-me em direcção à rapariga de cabelos
castanhos-escuros, lisos e compridos cobertos por um chapéu preto da marca
Obey, e olhos igualmente escuros, embora divertidos. Esta possuía um estilo
mais casual que as restantes, uma larga t-shirt preta da banda Rolling Stones,
umas justas calças pretas e apenas uns ténis pretos e brancos da marca Vans, o
que me fez lembrar do meu próprio estilo. – Foi pela Abby que te confundi mais
cedo. – Apontou para a rapariga que agora sorria na minha direcção e um leve
tom rosado apareceu nas bochechas de Alana e ri-me ligeiramente.
- A sério,
não fez mal nenhum. – Confessei mais uma vez alegremente e Alana sorriu. Sentia
o meu corpo mais leve e a minha mente mais descansada, o que me fez olhar o
copo, praticamente vazio que transportava na mão. Franzi o cenho ao verificar o
mesmo, talvez fosse melhor preparar outra dose igual, talvez conseguisse fazer
com que a noite se desenvolvesse mais rapidamente.
- Abby
está é… - Alana começou por me apresentar, uma vez mais naquela noite.
Perguntava-me desde quando é que numa noite conhecia tantas pessoas, desde
quando é que tinham começado a ter interesse na minha figura.
- A minha
namorada, Summer. – Harry cortou as palavras de Alana antes desta terminar o
que havia começado. O seu braço rodeava a minha cintura e o seu corpo estava
encostado às minhas costas. Os meus olhos abriram-se em espanto, o meu coração
soltou alguns batimentos e a minha respiração tornara-se mais pesada. As minhas
mãos, cerradas, começavam agora a suar, demonstrando o quão desconfortável a
situação era. Os sorrisos eram patentes nos rostos dos restantes, mostrando que
a única atónita com a situação era eu mesma. Engoli em seco quando a mão de
Harry puxou o meu corpo para mais junto do seu. As minhas costas ficaram pressionadas
contra o seu peito.
- Prazer.
– Abby entendeu o seu rosto, onde atabalhoada e desajeitadamente depositei dois
beijos, um em cada uma das suas suaves bochechas. Ainda abismada com a
barbaridade que Harry havia proferido, mais uma vez senti a mão de Alana
segurar a minha, e implorei para que me afastasse mais uma vez de Harry, tal
não aconteceu. As suas mãos viajaram até às minhas ancas, seguindo atrás de mim
a cada passo que dava.
- Summer,
este é o Niall, o meu namorado. – Alana deu um leve beijo nos lábios do rapaz
loiro e de olhos revestidos por um azul intenso. O seu aspecto não se destacava
dos outros, t-shirt branca, com um casaco cinzento por cima da mesma, jeans de
ganga azul ligeiramente justos e ténis brancos da marca Supra, o seu ar era
descontraído, uma mão colocada no bolso das calças enquanto a outra segurava o
seu copo vermelho. O seu sorriso mostrou o aparelho disposto nos seus dentes,
embora estes já estivessem perfeitamente alinhados. Sorri de volta e Alana
voltou a puxar-me. Senti Harry andar de novo atrás de mim e a vontade a
afastá-lo cresceu inevitavelmente.
- Este é o
Liam. – Liam, olhou para mim envergando um sorriso largo, ao ponto dos seus
olhos castanhos fecharem ligeiramente, o seu cabelo condizia com os mesmos.
Deslizou a mão dos jeans de um tom cinza e colocou o braço sobre os ombros de
Chelsea, que o olhou enternecida colocando a sua mão sobre a camisola azul
escura que Liam trajava. Assimilei os seus actos e rapidamente soube que eram
um casal.
- E este é
o Ethan, o meu irmão. – Tal como Alana este tinha cabelos loiros e olhos azuis
que denotei serem parecidos aos da sua irmã. A sua t-shirt com a imagem de uma
floresta puxou toda a minha atenção quando me apercebi que tinha uma igual, da
loja Saint Kidd. Sorri ao aperceber-me de tal facto. Alana despenteou levemente
os cabelos do irmão e de seguida depositou um leve beijo sobre o seu rosto.
Ethan revirou os olhos, embora sorrindo e imitando a posição de Niall, com a
mão nas suas calças escuras, levou o copo que segurava com a outra aos lábios e
sorveu do seu conteúdo.
- Pára
quieta, Alana. – Defendeu-se Ethan quando mais uma vez a mão da sua irmã
percorria os seus cabelos. Por momentos lembrei-me de Luke e Jai, que me
esperavam em Toronto e sentia falta das suas presenças, dos bons momentos que
me proporcionavam, um ligeiro aperto no meu peito fez com que suspirasse
levemente, esperando voltar para casa o mais rápido possível.
As mãos de
Harry tornaram-se conscientes sobre a pele exposta das minhas ancas, levando
consigo todos os pensamentos sobre Luke e Jai. Os seus lábios encostados aos
meus cabelos e a sua respiração quente contra o topo da minha cabeça provocaram
leves arrepios em todo o meu corpo. Firmemente rodou as minhas ancas,
encaminhando-nos de volta para o centro da sala. Senti os meus pés desajeitados,
e deixei que Harry guiasse o meu corpo por entre a multidão.
O meu
estado espírito começava a mudar-se lentamente, sorrateiramente. E ninguém
reparara nisso. O meu coração estava adormecido, a minha mente desligada e
sobrava apenas eu, delirante, e pouco sóbria dos meus movimentos e olhares. Pouco
consciencializada do meu estado de espírito pouco puro, e nada subtil.
- Harry… -
Chamei levemente pelo seu nome, virando o meu corpo de frente para o seu, os
seus lábios puxados num sorriso enquanto as minhas mãos assentavam na sua
t-shirt cinzenta, com um pequeno coração onde consegui ler: Lover. Um sorriso
abafado de ironia escapou pelos meus lábios e afaguei com leves palmadinhas o
peito musculado de Harry, que perscrutava atenciosamente cada um dos meus
movimentos – Vais devolver-me a máquina? – A preocupação era evidente através
do meu olhar. O sorriso de Harry permanecia no seu rosto tornando visíveis as
pequenas covas nas suas bochechas, enquanto as suas mãos pressionavam o fundo
das minhas costas contra si. Embora a vontade de o empurrar estivesse presente,
sentia que de alguma forma o meu corpo não obedecia aos meus pensamentos, cada
vez mais lentos. Inquiria sobre o que se passava comigo, todo o meu corpo
parecia ceder e na minha mente os pensamentos eram confusos, todos agregados
não me permitindo tirar uma conclusão coerente.
- Vamos
ver. – Mordeu o lábio inferior entre os dentes perfeitos e o assombro tomou
conta do meu corpo. Tentei afastar-me de Harry, mas a minha tentativa não
passou de um fracasso. As suas mãos encontravam-se de novo sobre as minhas
ancas, incentivando para me mover ao som da música penetrante que ecoava
através das várias colunas na sala. Quanto mais lutava para me ver livre de si,
mais as suas mãos aprisionavam o meu corpo contra o seu.
O meu
corpo encontrava-se fora de controlo, e eu não sabia se havia de me sentir mais
assustada por tal ou se por ter a completa noção do mesmo. Os meus braços
elevaram-se até ao pescoço de Harry, numa tentativa desesperada de me manter em
pé, sentindo que as minhas pernas iriam ceder a qualquer momento. Equivocamente
encorajando Harry a levar os seus lábios macios ao meu pescoço. Tentei formar
as palavras na minha garganta, sentindo que estas se enrolavam cada vez que as
tentava pronunciar. Senti o meu coração acelerado e a minha respiração ofegante
quando senti a sua respiração na minha pele. Os lábios perfeitos de Harry
encostados ao sensível local situado abaixo da minha orelha, sugando a pele,
enquanto mordia rudemente o local. Deixei que um pequeno gemido de dor se
libertasse de minha garganta e senti os lábios de Harry formaram um sorriso
contra a minha pele.
- Harry
pára. – Pedi sem forças, num ligeiro sussurro. Sabia o que ele estava a fazer e
retirei apressadamente os meus braços de volta para junto do meu corpo,
empurrando de seguida o seu para longe, de novo inutilmente. Os seus lábios
continuavam presos ao meu pescoço, causando-me arrepios, a dor estava
amortecida, provavelmente devido ao álcool que havia ingerido. Assim que
terminou o pretendia, beijou suavemente a região agora vermelha e ligeiramente
inchada. Ainda de movimentos entorpecidos deslizei os dedos até ao local,
chocada, assim que a ponta dos meus dedos tocou o local em causa, amaldiçoei-me
por tê-lo feito e o meu corpo retraiu-se com a dor, agora bastante evidente.
Abri a boca perplexa com o que não fora capaz de prevenir.
- Agora és
minha. – Harry deixou que a sua voz me invadisse, e não evitou que um sorriso
de vitória se formasse nos seus lábios, instantaneamente mais rosados e
inchados após o sucedido. Cambaleei afastando-me de si. Sabia que era o momento
de fugir, de me esconder. Enveredei por entre a multidão o mais rápido que me
era possível, as minhas pernas bambas e o meu coração acelerado tornavam a
tarefa mais complicada. Apressadamente abri caminho, olhando por cima do ombro
verificando se Harry me perseguia. Um alívio percorreu o meu corpo quando me
apercebi que o havia perdido de vista. Continuei o meu caminho, sabendo que
precisava de parar, pensar. Todo o meu corpo tremia e a minha testa
encontrava-se ligeiramente suada, os meus olhos pediam para que os fechasse e a
minha garganta encontrava-se demasiado seca.
A
lembrança do que se havia passado mais cedo aterrorizou de novo a minha mente,
porém relembrando que poderia procurar um local no piso de cima onde pudesse
descansar o meu corpo e a minha mente. Esquadrinhei a sala, procurando pelas
escadas que sabia existirem, assim que as avistei, avancei em direcção às
mesmas, pedindo aos meus pés que tropegamente chegassem ao seu topo. Sorri
debilmente assim que cheguei ao piso pretendido, satisfeita com o esforço que
havia feito para subir as escadas. Lentamente, embora o mais rápido que
conseguia, abri as portas mais próximas, falhando as primeiras três tentativas.
Para meu
alívio, a quarta opção era um quarto e encontrava-se disponível. Entrei na
divisão e fechei a porta atrás de mim. O meu corpo começava a ceder e a minha
cabeça a latejar. Alcancei a cama e permiti que o meu corpo embatesse contra a
colcha da mesma, deixando que esta se afundasse com o meu peso. Levei as mãos
até às têmporas e massajei-as suavemente, pensando que talvez a dor que
começava a assolar a minha cabeça desaparecesse. Fechei os olhos e tapei os
mesmos com o meu braço. Não percebia o que se estava a passar e dentro da minha
cabeça tudo não passava de uma mancha confusa de lembranças.
Suspirei
abruptamente, controlando a vontade de gritar que surgia no meu peito, após
recordar os lábios de Harry contra a minha pele. Começava a ponderar se havia
traído Jay, se é que havia de alguma forma traição, afinal de contas não
tínhamos uma relação assumida. Não que eu soubesse. “Agora és minha.” As palavras de Harry flutuaram através da minha
mente confusa e soltei um grito frustrado. Eu não era de ninguém, e muito menos
de Harry. Se havia algo sobre o qual tinha a certeza era isto; A minha
liberdade.
O meu
telemóvel vibrou dentro da pequena mala que trazia a tiracolo, mas sabia que
estava demasiado cansada para conseguir abrir a mala. Ainda deitada sobre a
colcha da confortável cama, ouvi a porta a abrir lentamente, e senti a luz
proveniente do exterior a invadir a escuridão da divisão. Reuni todas as forças
que me restavam, erguendo o corpo, procurando saber quem incomodava o meu
sossego. Estiquei o braço, pretendendo acender a pequena luz que sabia
encontrar-se na mesa-de-cabeceira ao lado da cama, desejando que desta forma me
fosse possível reconhecer a pessoa em questão.
A
intensidade, ainda que fraca, da pequena luz causou com que semicerrasse os
olhos, ajustando-os lentamente à nova claridade do quarto. Assim que a luz
penetrou as minhas íris, senti que o latejar da minha cabeça se tornava mais
forte, em reprovação ao mesmo fiz um ligeiro esgar e desejei ter permanecido no
escuro. Um rapaz de tez morena, cabelos escuros perfeitamente moldados com gel,
entrou no quarto fechando a porta atrás de si, os seus olhos igualmente escuros
pousaram sobre o meu corpo e um sorriso nasceu nos seus lábios. Encostou-se à
porta, e depois de cofiar o seu queixo por meros segundos, deslizou as mãos até
aos jeans pretos que envergava, combinados com uma t-shirt branca e um cardigan
cinza por cima da mesma. Elevou a perna e encostou o seu pé, revestido por um
ténis igualmente branco, à parede. Após algum esforço interior levantei o meu
corpo, colocando os pés no chão e encarei a figura sorridente encostada à
porta.
- És a
Summer, certo? – Perguntou-me e assenti, curiosidade patente nos meus olhos –
Eu sou o Mathew. – Desencostou-se lentamente e caminhou em direcção à cama.
Sorri, embora interiormente me perguntasse como sabia quem eu era. As energias
remanescentes no meu corpo eram escassas, tornando a tarefa de me colocar de pé
complicada.
- Prazer,
Mathew. – Estiquei debilmente a mão e este apertou-a calmamente, deixando que o
seu toque quente acariciasse a minha fria mão, fazendo-me perceber que apesar
de a minha cabeça me dizer que todo o meu corpo estava em erupção na realidade
não passada de uma ilusão, provavelmente criada pelo álcool que fluía através
das minhas veias.
- Então,
és tu a nova namorada do Harry? – Questionou, sem deixar que o sorriso
abandonasse o seu rosto. Revirei os olhos e deixei que um grunhido de irritação
se soltasse da minha garganta, levando a que Mathew se ri-se ligeiramente. Ele
sabia que não era verdade, estava a penas a provocar-me.
- Eu não
sou do Harry. Não sou de ninguém, por amor de Deus! – Exclamei visivelmente
aborrecida. Fechei por momentos os olhos e suspirei indignada. Onde quereria
ele chegar? A minha cabeça pesava mais do que na realidade e encontrava-me num
estado onde o raciocínio não fazia parte. O sorriso já existente nos lábios de
Mathew tornou-se cada vez maior e o brilho dos seus olhos queimava sobre a
minha pele, fazendo-me desejar que este não estivesse ali.
- És mais
bonita do que estava à espera. – Os seus olhos escuros fitaram todo o meu
corpo, e este prendeu o lábio inferior entre os dentes, mordendo-o levemente. O
que quereria ele dizer com tal coisa? – E isso agrada-me. – Colocou o meu
cabelo para trás do meu ombro e acariciou-o, o meu corpo estremeceu com o seu
toque, sentindo-me intimidada e acima de tudo apavorada. Tentei dar um passo
para trás, esquecendo que por detrás do meu corpo se encontrava a cama onde
mais cedo tinha estado deitada. Assim que as traseiras das minhas pernas
embateram sobre a borda da cama, o meu corpo caiu sobre a mesma, mais uma vez.
As suas pernas alcançaram ambos os lados das minhas e o seu corpo permaneceu
sobre o meu. A minha respiração ofegante e o meu ritmo cardíaco descompassado
eram perceptíveis no meu peito, que subia e descia apressadamente.
- O que é
que estás a fazer? – Indaguei nervosa, tentando empurra-lo para o chão, mas em
vão, o seu corpo era mais pesado e forte, e o estado em que me encontrava não
permitia que alguma das minhas acções se concretizasse de forma eficaz.
- O que o
Harry não fez. – Agarrou nos meus pulsos e prendeu-os fortemente acima da minha
cabeça, não permitindo que o voltasse a empurrar. Tentei espernear mas o seu
peso sobre o meu corpo impediam-me quase por completo.
- Sai de
cima de mim! – Vociferei altivamente, porém Mathew apenas soltou um riso
sarcástico, ignorando o que lhe havia ordenado. Puxei os braços, mas não havia
maneira deste me soltar, era forte de mais. O pânico no meu peito era aterrador
e sentia-me cada vez mais indefesa, sabendo que a cada momento que passada as
minhas forças se desvaneciam. Mathew pressionou os dedos da sua mão livre sobre
a marca deixada por Harry no meu pescoço, e soltei um guincho de dor, enquanto
o meu corpo se retraía perante tal acto.
- Querida,
só nos vamos divertir. – O seu tom era perverso e sabia que não tinha como
fugir desta situação. Desejei que alguém entrasse no quarto, mas tal parecia
não acontecer. Quanto mais lutava para me ver livre de Mathew, mais o seu corpo
se apoderava do meu. Senti a repugnância do seu toque e tive vontade de o
socar, se tal fosse possível.
Os seus
lábios aterraram sobre os meus inesperadamente, e os meus olhos abriram-se em
estupefacção. Prendi a respiração momentaneamente e contorci o meu corpo pela
milésima vez, tentando virar a cara, que a sua mão agarrou grosseiramente.
- HARRY! –
Gritei em desespero, os seus olhos semicerram-se e colocou rapidamente a sua
mão sobre a minha boca. Sentia o meu corpo tremer e pensei por momentos que
haviam lágrimas nos meus olhos.
- Cala-te,
se não queres arranjar problemas. – Pronunciou altivo e a sua voz ecoou na
minha cabeça. Pensei se fosse possível alguém ter-me ouvido, e desejei
fervorosamente ter permanecido com Harry no piso de baixo, provavelmente nada
disto aconteceria. Imagens do que poderia acontecer espalharam-se na minha mente,
tornando a situação mais dolorosa e desesperada.
Ainda com
as suas mãos a segurarem as minhas e a calarem as minhas tentativas falhadas de
clamar por alguém que me acudisse, desceu os seus lábios até ao meu pescoço,
beijando-o. O enjoo de tal acto percorreu todo o meu corpo, e o meu estômago
contorceu-se violentamente. Ouvi um grunhido de satisfação por parte de Mathew
e fechei os olhos, esperando pelo melhor ou que tudo passasse mais rápido. Os
seus dentes viajaram até à pele descoberta do meu peito, mordendo asperamente a
minha clavícula. O silvo de sofrimento teria sido ouvido se a sua mão não o
impedisse. Lentamente desceu, e senti de novo os seus lábios a abrirem
lentamente o fecho que se encontrava na frente do meu bustier. Quis
crucificar-me por estar a usar tal peça de roupa e tentei que o seu corpo
deixasse o meu, remexendo-me freneticamente.
- Sai de
cima dela já! – A voz de Harry ecoou pelo quarto e numa questão de escassos
segundos o peso de Mathew já não se encontrava em cima do meu corpo, que tremia
violentamente. Enfraquecida, levantei custosamente o meu corpo dormente. A
minha cabeça teimava em andar à roda e a minha visão encontrava-se turva – Sai
daqui, Kay. – Os olhos verdes enraivecidos de Harry fitaram-me duramente,
mostrando o quão consumido pelo ódio se encontrava. O seu maxilar contraiu-se
fortemente enquanto as suas mãos agarravam o colarinho da t-shirt de Mathew,
que exibia um sorriso de escárnio, provocando que o nó na minha garganta se
voltasse a formar.
Sabia que
se deixasse o quarto que Harry acabaria com ele naquele preciso momento. Por
muito que desprezasse Harry não queria ter que assistir repetidamente à cena do
início da noite, mas por outro lado não queria que Harry se envolvesse noutra
confusão, sabia que havia mais de mil e um problemas com os quais ele devia
preocupar-se. Os olhos intensos de Harry continuavam presos nos meus e apesar
do grande tráfico de pensamentos que congestionavam o meu cérebro, abanei a
cabeça negativamente, para seu desagrado e este premiu os lábios num trejeito,
descontente com a minha teimosia.
- Sai
agora! – A sua voz era soberba, o seu tom imperativo e engoli em seco perante o
sobressalto que percorreu o meu corpo, causado pelo som da sua voz. Mordi o
lábio, pensando em resistir mais uma vez ao seu pedido. Os seus dedos agarraram
firmemente Mathew e soube que Harry estava a perder a paciência e que acabaria
por esmurrá-lo ali mesmo. Levantei o meu corpo e caminhei em direcção à porta,
sabia que no exacto momento em que o meu corpo se havia erguido da confortável
superfície, que os olhos de Harry se encontravam em Mathew.
Olhei por
cima do ombro, apanhando o exacto momento em que o punho que Harry acertava no
maxilar de Mathew, vezes seguidas. Imagens recentes percorreram a minha mente,
revelando as semelhanças entre os dois episódios. Uivos de dor eram
perceptíveis, mas sabia que por mais que achasse que Mathew merecia, não podia
deixar que Harry o agredisse. O corpo de Harry encontrava-se sobre o de Mathew,
o seu punho elevando-se e colidindo com o rosto, ensanguentado da figura
debaixo do seu corpo. Senti uma ténue adrenalina percorrer todos os meus
músculos, tinha que fazer algo, tinha que parar Harry, caso contrário Mathew
sairia ainda mais gravemente ferido do que já se encontrava. Como se alguma força
divina ajudasse o meu corpo exausto, corri em direcção a Harry, as suas mãos
fechadas sem nunca cessarem os movimentos.
- Harry! –
Gritei, puxando o seu braço, que escapou entre as minhas mãos assim que chocou
de novo contra Mathew – Harry! Por favor! – Solucei, sentindo a impotência
acumular-se dentro de mim – Vais matá-lo! – Agarrei o seu braço com toda a
força que conseguia empregar e os seus olhos fitaram os meus, e este cessou os
movimentos, os seus punhos novamente cobertos pelo líquido de cor escarlate. A
minha respiração ofegante tornara-se audível, sobrepondo-se aos pequenos
gemidos de Mathew, sentia que as minhas pernas bambas iriam ceder a qualquer
momento. Delicadamente ergui o braço de Harry, esperando que este saísse de
cima do corpo de Mathew.
- Se
voltas a tocar nela, mato-te. – Harry encarou rigidamente o rosto
ensanguentado, raiva patente no seu olhar. Endireitou o seu corpo, permanecendo
à minha frente, os seus dedos longos e vermelhos, deslizaram o fecho que Mathew
tinha aberto mais cedo até cima, causando a que a minha pele ficasse arrepiada
– Eu disse-te para ires embora. – A sua voz era fria, e denotei que na mesma
havia rancor e mágoa, talvez por eu ter assistido de novo ao seu estado de
fúria. Sorri debilmente, embora não houvesse motivos para tal, sentindo o meu
corpo desfalecer e a minha cabeça andar à roda. Deixei as minhas pernas
desmoronarem, sentindo os braços de Harry rodearem o meu corpo instantes depois
– Summer? – A sua voz, pronunciando o meu nome, foi tudo o que ouvi antes dos
meus sentidos adormecerem.
Personagens:
Abby Stanford.
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Hello lovers.
Primeiro que tudo peço imensa desculpa pela demora, está complicado,
visto que agora sou uma pessoa decente e até tenho trabalho...
E tempo para andar a postar e a rever e tudo mais, não dá.
Simplesmente o tempo é escasso e não dá para tudo.
Contudo espero que estejam a gostar e que, claro, tenham gostado deste capitulo,
peço desculpa pelos erros ortográficos se tiver algum também.
Espero que esteja tudo bem com vocês e para ser sincera não sei quando volto a postar,
pelos motivos que já disse. De qualquer das maneiras espero que continuem
a acompanhar e que gostem do que escrevo.
Se tiverem alguma sugestão que achem que devem expor, é só isso mesmo expor!
Eu estou aberta a novas ideias, elas são seeeempre bem vindas.
Já sei que digo isto sempre, mas juro que gostava de saber as vossas opiniões
sobre a fic e o que acham e o que pensam que vai acontecer, é bom para mim saber isso.
E diga-se de passagem que fico sempre curiosa para saber o que vocês acham.
With love, J. xx