quarta-feira, 24 de julho de 2013

Capítulo 1: Leaving on a jet plane


All my bags are packed, I'm ready to go
'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
I don't know when I'll be back again

Blink 182 - Leaving On A Jet Plane

Despedi-me da minha mãe com dois beijos na face e repeti o acto com o meu pai, que me afagou o ombro - Porta-te bem. - Levantei a mala castanha de ombro do chão e coloquei-a ao mesmo, preparando-me para seguir para dentro do aeroporto, até ao local do embarque, após ter o check-in feito.
- Sim claro, eu porto. - Fiz um sorriso para os acalmar, pois sabia que tudo ia correr bem. Olhei para o relógio de pulso, faltavam quarenta-e-cinco minutos para a descolagem do avião - Bem tenho que ir, ainda tenho que andar um pouco até à porta do meu embarque. - Sorri mais uma vez aos meus pais e estes deram-me um abraço.
- Manda beijinhos à tua tia filha. - Acrescentou a minha mãe antes de eu ter tempo de virar costas.
- Sim, eu mando, não te preocupes. Agora tenho mesmo que ir. Beijinhos. - Ajeitei a mala ao ombro mais uma vez e virei costas, ainda a ouvir os meus pais a despedirem-se de mim. Na verdade despedidas nunca me haviam custado muito, nunca sentia a necessidade de me despedir com muita tristeza. Afinal de contas, as despedidas são para os mortos e não para os vivos. Olhei uma vez para trás e sorri, abanando a mão em sinal de despedida.
Com o check-in já feito, só tive que me encaminhar para os corredores que me iriam levar até à porta do meu embarque. Porta número 33. Suspirei, ainda tinha que andar um pouco e o tempo já não era muito. Acelerei o passo, certificando-me que não perderia o avião que me levaria até Londres.
***
O avião estava prestes a aterrar, da janela que se situava ao meu lado direito já conseguia ver a cidade, o Big Ben, o London Eye. Conseguia ver tudo em miniatura. - "Caros passageiros estamos prestes a aterrar, agradecemos que coloquem os cintos... - Acabei por não dar atenção ao que o piloto dizia, já sabia o que tinha que fazer. Coloquei o cinto, certifiquei-me que a prateleira que se situava aplicada no banco à minha frente estava fechada e para não sentir a demasiada pressão do ar nos ouvidos, abri a mala e da mesma tirei uma pastilha, que me iria ajudar a passar pelo momento da aterragem. Sentei-me confortavelmente, esperando pela aterragem e para que pudesse depois sair do avião calmamente.
***
Depois de já ter o trolley de viagem, que ainda demorou algum tempo a chegar, encaminhei-me para a saída do aeroporto para apanhar o metro até Londres, onde a minha tia Ashley estaria à espera com a minha prima Emma. Comprei o passe Oyster para os três meses que passaria em Londres, e desci para o metro, que partiu pouco tempo depois de ter chegado à ampla plataforma. A viagem demorou cerca de quarenta-e-cinco minutos, pelo que me tinha apercebido. Saí na estação de Victoria, e mal coloquei os pés fora do metro, vi a minha tia, com Emma ao colo, à espera no sítio do costume. Puxei os headphones para trás de modo a ficarem em torno do meu pescoço desprotegido de qualquer tecido, devido ao calor que se fazia sentir em Londres. Caminhei com um sorriso em direção à minha tia, que me sorria também, com o mesmo sorriso de que me lembrava desde sempre. Esta pegou na mão de Emma e fez um aceno, fazendo com que Emma repara-se em mim, sorrindo também.
- Oh Summer, chegaste finalmente, estava a ver que te tinha acontecido algo. - Afagou-me o rosto com a mão livre e depois abraçou-me - Como estás?
- Olá tia, eu estou bem e vocês? - Desfiz-me do abraço apertado dela e encarei-a, sempre sorrindo e dando um pequeno beijo na testa de Emma. Estava de facto feliz por estar de volta a Londres, a cidade que me recebia todos os anos no verão.
- Eu também estou bem como podes ver! - Afastou-se e pude ver que estava mais em forma do que da última vez. Os quilinhos a menos davam-lhe de facto um aspecto mais elegante e uma aura de felicidade. Ficava feliz por saber que ela estava feliz.
- Mais elegante, estou a ver! - Exclamei com alguma felicidade patente na voz. - Ah! Os meus pais mandaram beijinhos e abraços e todas essas coisas que já sabes. - Ajeitei a mala castanha que trazia ao ombro - E tu? Estás muito grande desde o ano passado Emma. - Passei o dedo no seu nariz e sorri-lhe, em retorno recebi um sorriso também. - Espero que tenhas feito chá para o nosso lanche. - Olhei para o relógio de pulso, dando-me conta que estava completamente errado devido à mudança de hora - Bem, se ainda forem horas do lanche claro. - Ri-me.
- Oh filha, já são mas é horas de jantar! O chá fica para amanhã, prometo. - Olhei para ela de sobrolho erguido e sorrindo. Nunca me iria habituar ao facto de haver esta mudança horária, sempre que viajava para Londres. - Já são nove horas, Summer. - Disse-me apercebendo-se que me sentia perdida no tempo.
- Pois, sabes que nunca me vou habituar a estas mudanças de horário, tia. Ainda não tenho muita fome como podes adivinhar, em Toronto seriam provavelmente horas do lanche. - Ri-me e a minha tia passou-me a mão pela face.
- Estás a ficar tão crescida e eu a ficar tão velha. - Soltou uma leve gargalhada, que fez com que as suas rugas de expressão fossem ainda mais evidentes. Os seus olhos verdes, como os de quase toda a família, expressaram uma grande felicidade, talvez devido ao facto de me ter com ela. O pensamento fez-me sorrir abertamente. - E olha para a Emma, parece que foi ontem que a tive, e já passaram cinco anos! O tempo passa a correr... - Passou a mão pela cabeça da filha e sorriu de novo.
- Ei, que exagero tia! Ainda és nova, ainda te falta muito tempo para não teres que me aturar mais! A mim e à Emma, ela está grande mas as tuas dores de cabeça ainda nem começaram. - Ri-me e coloquei o braço em volta do seu pescoço e beijei-lhe o cabelo acastanhado com alguns jeitos. - Vamos andando? - Perguntei, por saber que ainda iríamos andar um pouco até à habitação onde vivia a minha tia, Emma e o seu cão, King Óscar, um pittbull francês preto.
- Claro, ainda tenho que fazer algo para comermos. Queres que leve a tua mala? - Perguntou apontando para o trolley preto às bolinhas brancas, onde trazia o que necessitava para o verão.
- Não, claro que não, eu levo, não te preocupes, tu tens que levar a Emma. - Peguei na asa do mesmo e comecei a puxá-lo atrás de mim, à medida que andávamos na direção que já me era conhecida. Andaríamos cerca de dez minutos a pé até chegarmos a casa da minha tia.
***
Viramos à direita, e caminhamos em direção a casa da minha tia, que se situava naquela rua. Passamos três portas e paramos em frente à quarta, abrimos o portão preto, o típico portão de entrada londrino, e a minha tia apressou-se a abrir a porta também preta, para que eu pudesse pousar por fim todos os pertences que trazia comigo.
- Bem já sabes onde ficas, vai arrumar as tuas coisas que vou fazer algo rápido para o nosso jantar. - Pousou Emma no chão e esta começou logo a caminhar em direção ao sofá onde se sentou e ligou a televisão, sorri ao aperceber-me que a minha tia tinha razão e que o tempo passava a correr. Peguei nas minhas malas e arrastei-as para o andar de cima onde se situavam os quartos. Abri a porta do quarto onde iria passar o verão. De facto não era muito grande. Tinha uma cama de casal em tons brancos e pretos, centrada na parede, com uma mesa-de-cabeceira de cada lado, em frente uma cómoda preta, a condizer com o resto da mobília, por cima desta encontrava-se um espelho. Tinha ainda um roupeiro na parede e um cadeirão branco, onde normalmente acabava por pousar a minha mala.
Caminhei em direção à cama onde pousei a grande mala castanha que trazia ao ombro, de seguida, como previsto, coloquei a mala com os meus documentos no cadeirão branco e por fim, meti também o trolley em cima da cama. Antes de começar as arrumações, desci ao piso inferior e certifiquei-me que a minha tia não precisava de mim.
- Não Summer, não preciso de ajuda. Vai arrumar as tuas coisas vá, andor. - Enxotou-me com o pano de cozinha fazendo-me rir enquanto caminhava para fora da cozinha.
- Já estou a ir, já estou a ir! - Defendi-me e subi as escadas a correr. De volta ao quarto, abri as malas e arrumei tudo na cómoda e no roupeiro, colocando sempre de parte tudo o que fosse para levar para a casa de banho. Depois de tudo arrumado, abri o meu portátil em cima da cama e liguei-o.
- Summer, vamos jantar. - Olhei para a minha tia que se encontrava à porta do quarto e sorri, acenando afirmativamente.
- Já estou a ir. - Levantei-me da cama e descemos as escadas, em direção à cozinha, onde Emma já estava sentada na sua cadeira. - Olá! - Fiz uma careta e ela riu-se - Vais comer tudo, não vais? - Olhei para ela que ainda se ria.
- Vou. - Afirmou não só verbalmente mas acenando também com a sua cabeça, fazendo com que os seus cabelos aloirados se agitassem desajeitadamente.
- Parece-me bem, porque se não comeres tudo sabes o que é que acontece? - Perguntei sentando-me ao seu lado.
- O quê? - Abriu os seus olhos azuis com curiosidade.
- Se não comeres tudo acaba-se o Disney Channel. E... - Levei a mão ao bolso das calças - Não podes comer isto depois do jantar. - Mostrei-lhe um chupa-chupa. Olhei para a sua cara e esta estava iluminada com um grande sorriso e olhos brilhantes - Portanto é bom que comas tudo. - Pousei o chupa perto do meu prato e a minha tia começou a servir-nos.
                                                                              ***
No final do jantar acabei por dar a recompensa a Emma que como esperava terminou tudo o que se encontrava no seu prato. Depois ajudei a minha tia a levantar a mesa e a colocar os pratos na máquina.
- Querida não precisavas de me ajudar, a sério. - Ouvi a minha tia a dizer pela milésima vez naquela noite. Suspirei encostada à bancada da cozinha.
- Tia não me custa nada ajudar-te. Além do mais assim é da maneira que tenho algo para fazer. - Sorri. E era completamente verdade. Apesar de gostar de passar todos os Verões com a minha tia, sempre que a noite chegava nunca tinha planos para me entreter, para além do meu computador. Ou da minha máquina fotográfica. Suspirei, sabia que tinha que arranjar planos e actividades para me entreter.
- Uh-hm, não me parece. Avisei o Nathan que voltavas este verão. Cheira-me que ele deve aparecer por aí daqui a pouco. - Na cara da minha tia pude ver um largo sorriso. Ela sabia o que estava a fazer. Sorri ao lembrar-me de Nathan e de como por vezes costumávamos brincar, até ele ter desaparecido do mapa.
- Ele voltou? - Perguntei espantada, não ouvia uma única palavra sobre o Nathan há anos e o facto de a minha tia lhe ter dito que vinha estava a deixar-me confusa.
- Sim, há uns largos meses. Não me perguntes onde andou, sinceramente não sei. Mas está com bom aspecto. - Sorriu quando me olhou - E como no outro dia ele passou cá por casa, avisei-o. Fiz mal? - Senti algum receio na sua voz, mas de facto não sabia o porque desse receio, ela sabia que apesar de não falar com Nathan há anos, eu e ele sempre nos déramos bem. Sorri abertamente, mostrando-lhe que não havia problema nenhum no seu acto.
- Claro que não faz mal tia. Até te agradeço, sabes que eu e fazer amigos é complicado. - Franzi o nariz com a afirmação e a minha tia soltou uma pequena gargalhada. A verdade é que eu me dava melhor sozinha do que acompanhada e fazer amizades e ter relações não era o meu forte. Se calhar estava destinada a ser uma solitária para sempre.
- Vou deitar a Emma. - A minha tia anunciou deslocando-se para a sala - Se a campainha tocar é o Nathan quase de certeza. - Olhou para trás e sorriu, vendo-me assentir enquanto nos meus lábios de formava um sorriso sincero. Recostei-me na bancada, suspirando. Perguntava-me a mim mesma o que se tinha passado na vida de Nathan e como é que ele estaria, os anos haviam passado e decerto que ele estava diferente, tal como eu mesma. A verdade é que estava curiosa para lhe perguntar o que se havia passado e por onde é que ele tinha andado, ele sempre fora o meu amigo londrino que esperava por mim todos os Verões para voltar e me levar a passear na sua bicicleta ou para jogar ding-dong ditch. Lembrava da primeira vez que jogáramos isso, e eu quase fora apanhada se ele não me puxasse. Apanhei-me a mim mesma a sorrir com tal lembrança. Eu tinha saudades dele.
A campainha tocou e despertou-me do meu transe. Sorri ao saber quem era e quase corri para abrir a porta. Senti uma onda de felicidade a percorrer-me o corpo. Era estranho o facto de sentir algum tipo de amizade por Nathan, já não o via há anos e o facto de o meu circulo de amigos ser deveras reduzido fazia-me pensar o porque de estar a sentir esta felicidade. Afinal de contas relacionamentos não faziam parte dos meus conhecimentos, na verdade eram bastante reduzidos, a maior parte das vezes era inconveniente ou estranha. Ainda me perguntava como era mesmo capaz de ter amigos ou porque os tinha.
Coloquei a mão na maçaneta da porta e abri-a mais rápido do que pretendia. Os meus olhos assentaram em alguém que eu desconhecia, mas aqueles olhos eram os mesmo e isso foi o suficiente para que os cantos da minha boca se curvassem para um pequeno sorriso. No momento seguinte os braços de Nathan estavam em meu redor num abraço apertado. Lentamente coloquei os meus braços em seu redor também, sentido a estranheza de que era ter aquela pessoa a tocar-me. Não estava habituada a que me tocassem, principalmente rapazes.
- Kay! Oh meu Deus, estás tão diferente! - Afastou-se do meu corpo agarrando-me pelos ombros enquanto encarava o meu rosto. Um sorriso estava estampado no seu, e desconfiava que um pouco de surpresa também, não era para menos, eu estava diferente. Ele estava diferente.
- Não podes falar muito. - Disse com desdém, o que fez com que o seu sorriso se tornasse numa pequena gargalhada, o que me fez pensar o que tinha dito para este tipo de reacção.  
- Afinal não mudaste tanto - Disse entre gargalhadas - Continuas a dizer o que te passa pela cabeça. - Voltou a abraçar-me e um pequeno sorriso nasceu nos meus lábios, mais uma vez naquela noite.
- Eu vou ser sempre a mesma pessoa. - Respondi vagamente. E não era mentira. Eu iria sempre dizer o que tinha em mente, fosse para o bem ou para o mal - Acho que tens muito que me explicar Nathan. - Suspirei olhando-o nos olhos que tão bem conhecia, ou achava conhecer. O seu sorriso desapareceu e os seus lábios formaram uma linha inexpressiva. Nesse momento soube que haviam muitas coisas que eu não sabia e que ele provavelmente preferia não falar. Se calhar era melhor para o meu bem eu não saber, não queria mudar a ideia que tinha dele.
- Podemos falar disso noutro dia Kay? - Segurou-me a cara entre as mãos e beijou-me a testa e de seguida olhou-me directamente nos olhos. Assenti ligeiramente, mas na verdade queria saber o que se passava. Queria saber quem ele era e o que o tinha feito desaparecer. O seu olhar desviou-se do meu e olhando por cima do meu ombro pude ver que a minha tia tinha entrado na sala. - Boa noite Sr. Ashley. - Nathan sorriu amavelmente.
- Boa noite Nathan! - Disse divertida - Filha vão ficar aí à porta ou vais deixar o Nathan entrar? - Olhei para a frente e pude ver que ainda nos encontrávamos à porta. O meu sentido de boas-vindas não era provável o melhor. Ouvi Nathan rir ligeiramente. Sorri ao aperceber-me que gostava de o ouvir rir.
- Não é preciso Sr. Ashley. Vinha perguntar-te se queres ir dar uma volta por aí, tenho umas pessoas que queria que conhecesses. Importa-se que a leve? - Olhou para a minha tia. Perguntava-me desde quando é que a minha tia respondia por mim. Olhei-a indignada.
- Sabes que estou à tua frente, certo? - Ergui o sobrolho e virei-me para a minha tia, que sorria - Importas-te tia? - Ela abanou negativamente dando-me luz verde para sair com Nathan - Espera só um pouco, vou só buscar um casaco, não quero correr riscos de ter frio. - Subi a escadas a um passo que me pareceu ser rápido demais, talvez fosse da excitação.
Abri a porta do quarto, abri o roupeiro e desajeitadamente retirei um casaco de malha grossa do seu cabide e apressei-me a vesti-lo. Olhei-me rapidamente ao espelho, o meu cabelo estava despenteado e o meu rosto mais pálido que o costume. Revirei os olhos perante a figura que apresentava no espelho e suspirei. Rapidamente retirei da mala, que ainda se encontrava no cadeirão branco, o telemóvel, a pequena carteira com algum dinheiro e o maço de tabaco. Coloquei tudo nos bolsos que tinha ao meu dispor e encaminhei-me para as escadas ao mesmo tempo que tentava ajeitar o cabelo.
- Vamos? - Perguntou-me Nathan mal me viu no fundo das escadas. Assenti e encaminhei-me à minha tia, que me esticou uma fita de colocar ao pescoço com uma chave, sorri e deixei que ela a pousa-se na minha mão.
- Até logo tia. - Dei-lhe um pequeno beijo na bochecha e ela afagou-me o cabelo - Vou tentar não voltar tarde.
- Está bem querida. Juízo. - Sorriu e desta vez passou a sua mão pela minha cara. - Até amanhã.
- Até amanhã. - Despedi-me e virei-me para Nathan que me esperava com um sorriso no rosto, do lado de fora da porta. Ao sair de casa fechei a porta com cuidado e antes de me arriscar a perder a chave da mesma coloquei a chave ao pescoço, certificando-me que desta forma não a perderia com facilidade.
- Então... - Nathan fechou o portão atrás de nós - Onde vamos? - Colocou-se ao meu lado enquanto começávamos a caminhar, com as mãos nos bolsos das calças. Olhou-me divertido o que me fez olhar para ele, desconfiada. Esta situação tornava-se cada vez mais estranha na minha cabeça, estava quase com um desconhecido a caminhar nas ruas de Londres, dirigindo-me para um sítio desconhecido, para conhecer pessoas. Esta noite tinha realmente virado para um lado que não estava à espera.
- Vamos a casa de um amigo meu. - Respondeu-me calmamente e depois olhou para mim. Forcei um sorriso. Gostava dele, e ele saberia provavelmente isso, o que estava a tornar esta situação complicada era o facto de eu saber que ia conhecer amigos dele. Suspirei. - Ainda com problemas em fazer amigos, estou a ver. - Riu-se e colocou o braço por cima dos meus ombros, enquanto eu o olhava de uma maneira mortífera.
- Não tenho problemas em fazer amigos. - Ripostei secamente, revirando os olhos - Só não me sinto à vontade com desconhecidos. - Tentei explicar, acabando por meter a mão ao bolso para retirar um cigarro de dentro do respectivo maço.
- Eu sou um desconhecido. - Falou como se não fosse nada. Mas ele tinha uma certa razão e ao mesmo tempo eu achava que ele estava errado. Não conseguia explicar, para mim ele era de facto um estranho que eu não via há anos, mas por outro lado era o Nathan que eu conhecia desde sempre. Era uma conclusão complicada.
- Tu não és um estranho... - Coloquei o cigarro entre os lábios e com a ajuda de um isqueiro acendi-o, expirando depois o fumo.
- WOOOOW, Kay! - Nathan parou e olhava-me chocado, olhei-o estupefacta e um quanto assustada, afastando o meu corpo do seu, devido ao pequeno grito de surpresa que ele tinha dado.
- O que foi? - Perguntei exaltada - Tu não és um completo estranho... És mais ou menos. - Tentei sorrir, com a minha conclusão e ele sorriu-me voltando a meter o braço por cima dos meus ombros e retomávamos caminho.
- Não é isso, não fazia ideia que fumavas. - Tirou-me o cigarro da boca e colocou-o na sua, inspirando o ar através do mesmo, depois devolveu-me o cigarro e expirou o fumo.
- Bem, há muitas coisas que não sabes Nathan. - Encarei a rua à minha frente, pensando no quão verdade seria aquela afirmação e levei de novo o cigarro aos lábios, repetindo uma vez mais o acto de inspirar o ar através do cigarro e depois expira-lo - Há muitas coisas que eu não sei... - Encarei o seu rosto. Por momentos podia jurar que os seus olhos verdes eram escuros e intensos. Senti um arrepio correr-me o corpo e tentei ignorar.
- Kay, hoje não vamos falar disso, quero que te divirtas, ok? - Olhou-me e apertou-me contra si, massajando o meu ombro com a sua mão. Acenei afirmativamente e suspirei. Sabia que ele não queria falar sobre o que se tinha passado, mas eu sentia que a minha curiosidade era mais elevada que a sua teimosia.
- Eu não me vou esquecer, sabes disso. - Foi a última coisa que disse. O resto do caminho até 'Deus-sabe-lá-onde' foi em silêncio, que de alguma forma senti que falou por nós, que disse o que havia ficado por dizer. A mão de Nathan continuava apertada no meu ombro o que me transmitia segurança, talvez a segurança que nunca tinha sentido com alguém antes e sorri com o facto.

Personagens:
Summer Evans



Tia Ashley

Emma

Nathan Sykes

6 comentários:

  1. POEM MAIS PLS *----------* x. Sofia .

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    1. Vou colocar o novo capitulo ainda hoje espero. :D Obrigado!

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  2. Este capitulo está P-E-R-F-E-C-T *--------*

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  3. Respostas
    1. Obrigado! E peço desculpa por não ter postado o cap 3 ainda, mas estive de férias e no wi-fi para ninguém...

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